sexta-feira, 25 de março de 2016

Nervos de aço no Ibovespa

Como muitos dos meus amigos sabem, adoro falar sobre política e sobre economia. Quando os dois temas se juntam então...

...não posso deixar de registrar minha opinião! rs

Investir na Bolsa (Ibovespa) requer estudo, análise e atenção. Existem excelentes empresas com preços muito baixos (não é a toa que alguns notíciarios inclusive dão conta de que o Brasil está em liquidação), mas também existem empresas com valor acima do real e outras mal geridas ou com dívidas gigantescas. Por isso é necessário estudar os últimos balanços, analisar quem são os gestores, verificar a solidez patrimonial, entre outras coisas, antes de simplesmente sair comprando e investindo. A Bolsa pode ser uma forma de multiplicar o capital, mas para não correr riscos desnecessários e depois ficar desesperado é necessário um pouco de estudo.

Nervos de aço no Ibovespa - Bosla de Valores.

Percebe-se através dos noticiários que existe claros sinais de radicalização dos movimentos nos últimos dias, típica dos atos finais de um governo agonizante. Para quem assiste os debates entre comentaristas da GloboNews , até ai sem surpresas. Aliás, a história ensina que atos finais de ruptura do status quo são mesmo marcados por páginas policiais e medidas desesperadas.

Temos que nos preparar para extrema volatilidade nos próximos dias, mas eu, Rafael Rueda Muhlmann, vou me manter fiel aos bons racionais de investimentos, obviamente que com cintos afivelados. Para passar esta turbulência, talvez seja necessário nervos de aço e estômago de avestruz. Mas não tenho dúvidas quanto a resiliência das empresas que venho apostando na bolsa e continuo ganhando alta rentabilidade em todas elas (KROT3, GRND3, CVCB3, ITSA4, EZTC3, HGTX3, NATU3, PCAR4, e CIEL3).

Sempre acreditei que essa história de ajuste fiscal sob o comando do Ministro Nelson Barbosa era apenas conversa para boi dormir. Finalmente o Brasil mostra a sua cara e o ministro da Fazenda anunciou na última quarta-feira (23/03/2016) a possibilidade de abatimento de até R$ 120,6 bilhões da meta fiscal do ano - a meta em si também foi reduzida marginalmente, supostamente para que o governo possa voltar a investir. Com o abatimento, o déficit primário pode atingir mais de 1,5% do PIB  e pelo andar da carruagem, certamente será daí pra pior. Enquanto assistimos a cenas de desenvolvimentismo transloucado, vemos seus efeitos práticos: taxa de desemprego nacional subindo a 9,5% em janeiro, segundo dados da PNAD do IBGE. Na Folha, uma reportagem trata do aumento da desigualdade junto à queda da renda, algo que venho observando desde o mandato anterior da presidente Dilma. 

O mesmo desaquecimento do mercado de trabalho não pode ser visto em Brasília. Ao contrário, a temperatura da cena política é capaz de quebrar o termômetro. Temor é de que lista da Odebrecht, com pagamentos para mais de 300 políticos, e delação de seu principal executivo possam, eventualmente, conturbar o pós-Dilma, com possíveis denúncias a políticos da oposição e a Michel Temer, ou, até mesmo, dificultar o quadro do impeachment.

Lá fora, mercados também não ajudam. Dirigentes do Federal Reserve têm adotado discurso mais agressivo na direção da alta do juro. Dólar reage imediatamente, com quinta valorização consecutiva no exterior. Moeda também sobe contra o real, +1%, reagindo a seu comportamento no exterior, à frustração com a nova meta fiscal e ao quadro político mais conturbado. Ibovespa Futuro cai 1,5%, sob pressão vendedora pesada no início do dia, a exemplo do já observado dia anterior, mas ao seu término, volta a subir, fechando o dia em leve queda.

O governo tentará aprovar no Congresso uma mudança para a regra de superávit fiscal. Seguindo sua linha de contabilidade criativa, a ideia é ter uma meta de superávit de R$ 30 bilhões, mas podendo descontar deste valor tudo e mais um pouco, sobrando com um déficit de R$ 100 bilhões. Tirando a forma inusitada de apresentar um déficit, este valor corresponderia a um resultado de -1,55% do PIB. Se aprovado, nossa divida pública iria de 66% do PIB em 2015 para 75% neste ano, e seguindo a trajetória chegaríamos em 2019 (pós-eleições) com impressionantes 100% do PIB de dívida. 

Sim, teríamos uma dívida tão grande quanto dos países desenvolvidos, mas pagaríamos de juros cerca de 16%, enquanto eles pagam 1%, ou seja, nossa dívida cada vez mais tornando-se impagável!

Com tudo isso acontecendo, o jeito mesmo é diversificar. Faça economia, reduza suas despesas, elimine dívidas e invista um pouco em dólar, um pouco em tesouro direto, um pouco em imóveis, um pouco em ações e um pouco no seu conhecimento, que é a base para aumentar seus ganhos.

Acredito que no caso de mudança de governo as ações devem dar um salto, multiplicando os capitais investidos. Só para se ter uma ideia do que estou falando, cheguei a comprar ações do Banco do Brasil por R$ 12,00 a menos de um mês e agora com o pedido de IMPEACHMENT efetivamente instalado na Câmara dos Deputados, as ações já passam dos R$ 18,00, em alguns momentos passando de R$ 20,00.



O fato é que diversificar tornou-se fundamental para sobreviver aos próximos capítulos do que pode acontecer no Brasil.

Rafael Rueda Muhlmann.